19 de junho de 2014

UMA URSA A FAZER FIGURA DE URSA

Os Tios têm muita pena quando vêem pessoas que, cof-cof, admiram fazerem figura de urso. Para os estrangeiros que nos lêem (aos milhares), quer isto dizer "sujeitar-se a uma situação ridícula" ou, em crioulo universal, "make a fool of oneself". Ora, leitores algo erráticos mas reincidentes que somos da Ursa mais popular da blogosfera, não gostámos nem um bocadinho da arrogância e da falta de rigor deste título:



Ok, parabéns pelos 7 milhões. E ok, compramos muitas das suas alegações. Mas outras faltam à verdade - e os Tios não suportam ser levados por trouxas! Sua grande fofa, a menina sabe muito bem que já fez duck faces no seu blog. E com "nhonhices" e gabarolice à mistura. Ai sabe, sabe, sua marota. Não se lembra? A gente mostra, aqui:


Na verdade, nesta fotografia histórica, que o Tio Dolce teve ocasião, muito cândida e amavelmente (como é seu mote), de comentar, a Lilianinha darling mostra, num registo de nhonhice que não se aguenta, não só uns óculos que fariam inveja ao Stevie Wonder, como um beicinho de patinho Caliméro que é uma "duck-face" sem tirar nem pôr! E ainda - atenção - uma bela cleavage que alto-lá-com-ela. (By the way, parabéns por essa republicana prateleira, que faz lembrar ao Tio Dolce a sua saudosa mamma!) Como se isto não bastasse, a grande querida afinfa-nos também com uma t-shirt de algodão elástico às florinhas comprada no chinês, uma alça branca do soutien de amamentação a espreitar ali na cava e uma criança que é, toda ela e dos pés à cabeça, uma enjoativa mancha cor-de-rosa. Pobre ursa-júnior, que ainda agora nasceu e já está a ser gender-constrained. Mais: gender-harassed! A acompanhar este autêntico gineceu, outro título perifrástico nadinha humilde:



"TODOS" conheciam? A sério? Humm, gabarolice, gabarolice... Numa blogger que ganhou fama por partir a loiça toda e que se orgulha de ter língua afiada para criticar toda e qualquer criatura que mexe neste planeta agoniado, estas contradições são um sintoma, no mínimo, ... bipolar (ao quadrado, si cabe) e, a nosso ver, bastante dispensáveis. Não se gabe, Lili dear, pois quanto mais o faz menos gostamos de si. É ou não é?

Sempre vossos,
Dolce e Bichana

9 de junho de 2014

A MINHA CADELA TEM MAIS JUÍZO QUE EU

Pois é, estimados leitores, por esta é que os Tios não esperavam. Uma mulher adulta, mãe de família, sem acompanhamento psiquiátrico aparente, em pleno exercício do poder paternal, sem restrições de movimento nem termo de identidade ou residência, criou um blog fascinante cuja narradora é... a cadela dela. Dela dela dela. Isso mesmo: até ficamos cacofónicos e gagos, tal é o nosso espanto. O insólito A Minha Cadela Tem um Blog merece leitura demorada, num recanto sombreado dos vossos jardins, pois é uma fonte imensa de prazer humorístico. Para além de dar nomes de gente aos cães (Maria Rita, Carlota, Violeta) e de espalhar corações de crochet pelas ruas do Porto (literalmente), esta querida dona-de-casa des...ocupada deixa-nos imagens deliciosas de autêntica felicidade conjugal, como esta, em que aparece a dar um chocho ao pater familias:



Mas é a narrativa em primeira pessoa canina, impressa em caracteres manuscritos a lembrar a escola primária, que mais nos encanta. Ora atentem, seus darlings, nesta pérola, publicada no Dia dos Namorados e intitulada accordingly:



Sim, leram bem. Trata-se de um post sobre o coito da narradora (a Maria Rita, i.e., a cadela) com um macho cobridor. Núpcias caninas.



Bem, que dizer?... Talvez que a simplicidade de espírito é uma bênção. Ou que uma mulher destas - infantil, meiga, linear - é o que os homens todos, no fundo, desejam. O Tio Dolce, na verdade, adora este tipo de donna, boa a cozinhar, boa a receber, boa a criar crianças - e boa a fechar os olhos às malandrices dos maridos! Seu anjo, foi um prazer conhecê-la; continue! E viva a dona da "1ª Cadela Mãe Blogger da Blogosfera"!

Sempre vossos,
Dolce e Bichana

2 de junho de 2014

O SALGADO MENOS PIPOCO

Era uma vez um senhor que tinha um blog onde nunca mostrava a cara. Este senhor alegava possuir requintado gosto, vasta erudição e alargados horizontes. Escrevia sem erros ortográficos ou morfossintáticos, soprava umas baforadas de música clássica, dizia-se conhecedor de literatura e arte, no todo e na parte, e largava umas piadolas contra os políticos, os ignorantes, os proletários, os incultos, as mulheres e outros seres que, na sua pena virtuosa, careciam de correção e encaminhamento. Raposa velha da blogolândia, sabia também criar slogans como ninguém (que logo eram copiados pelas hordas de fãs, como o "Que vês da tua janela, fulano / sicrano?") e gerir a sua imagem como um profissional. Sendo um dos poucos bloggers do sexo masculino a conseguir escrever escorreitamente, ainda por cima sem ser de futebol, tinha um exército de aduladoras (ok, eram sempre as mesmas quatro ou cinco, mas adiante). Na esperança trémula de um dia conseguirem uma resposta do Grande Pipoco, estas senhoras sorviam-lhe os perdigotos com uma sede de groupies adolescentes, aceitando tudo e tudo aplaudindo, até um belíssimo texto misógino que as pôs um dia a esgadanhar-se:


Tiradas desta grandeza criaram um halo de brejeiro mistério em torno do dito senhor, atribuindo-lhe um estatuto de galã da blogosfera, um adónis sem rosto, exclusivamente verbal, obstinadamente eloquente, com um travo de maldade-na-cama e a sabedoria de quem-já-comeu-muitas-e-todas-deitou-fora. Até o Tio Dolce, admirador confesso dos filhos de Adão, nutria um secreto fraquinho por este sedutor experiente e arisco, ao passo que a Bichana imaginava em sonhos, alquebrada, o que seria o Pipoco nu. Muito bem. Até que um dia...


...Até que um dia o ídolo mostrou, literalmente, os pés de barro. Pés esses que surgiram ignominiosamente envoltos em meias com borbotos, sem elástico, com vincos esbranquiçados - e respetiva conotação olfativa - de algo que não vê máquina de lavar há uns tempos, dentro de uns sapatos de número demasiado baixo para prometer grandes dimensões de outros atributos físicos. E, nos chouriços cruzados, as perneiras de um fato às riscas. 

Ora bem. O chamado "dark suit with white pinstripes" traz colada a si uma conotação desafortunadamente negativa. Trata-se do chamado Mafioso look ou gangster subtext. É claro que se for envergado por um banqueiro da City, alto, loiro e de olhos azuis, ou por um WASP de Wall Street, essa conotação esmorece. Num portuga, porém?... Baixo, moreno, de fémur curto e músculos engarrafados? Hmm, não. Aliás, apenas reforça o estereótipo:



[Muito obrigado à nossa leitora AJ, que nos forneceu este retrato do herói Pips.]

No entanto, talvez esta conotação acabe, afinal, por salvar o nosso imprudente Pipoco. Talvez o mulherio empreenda a reconstrução do mito a partir de um novo campo imagético: o do mafioso que é bom na cama. Com outros sapatos e as mesmas meias transpiradas, quem sabe, o nosso ídolo tombado talvez consiga reerguer-se da lama.


Moral da história:
Pode ter caído o Carmo e a Trindade. Podem as senhoras bloggers ter perdido, chorosas, o seu sex symbol. Pode a blogopátria ter extraviado o seu premiado BILF... Mas nem tudo está perdido. Desde que o Tio Salgado não mostre mais fotografias suas (algo que ele ensaiou atabalhoadamente, na ressaca desorientada do faux pas), desde que, dizíamos, volte a acalentar imaginários e nunca mais revele a realidade nua e crua da sua carcaça terrena, estamos todos bem. O Dolce volta às suas fantasias, a Bichana aos seus sonhos, e toda a blogosfera respirará de alívio.

Sempre vossos,
Dolce e Bichana